EDIÇÃO 02



Os primitivos modernos

A conexão entre o moderno e o primitivo me levou a edição temática. Durante anos, recusei convites e nunca tive curiosidade em frequentar festas rave. Nada sei sobre a música eletrônica e suas variantes. Não me incluo em nenhuma das tribos que circulam nesse tipo de evento. Mesmo assim, encarei a novidade da experiência como observador atento. Registro aqui algumas impressões sobre a inusitada incursão antropológica.

Logo na primeira vez, percebi rapidamente que ali havia alguma coisa meio tribal, não apenas por causa do ritmo sincopado e frenético, mas também pelo reconhecimento de signos que identificam e caracterizam os grupos reunidos em torno da “celebração”. Também compreendi que alguns estilos de música eletrônica - como o Trance, por exemplo - permitem que o DJ execute a música até um ponto culminante, seguido de uma parada abrupta que dura apenas um ou dois segundos, depois retorna aos poucos e cresce novamente até a apoteose. A manobra provoca um efeito explosivo, potencializado pela ingestão de substâncias químicas.

Outro fator que me levou a entender e participar do fenômeno foi o elevado número de trabalhos acadêmicos desenvolvidos recentemente sobre o tema. Uma tese de dissertação em antropologia defendida em abril de 2004, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é de autoria de Ivan Paolo de Paris Fontanari e chama-se “Rave à margem do Guaíba: música e identidade jovem na cena eletrônica de Porto Alegre”.

Portanto, a partir de ferramentas como pesquisa e observação participante, escrevi um arrazoado à guisa de estudo sobre a cultura rave em Porto Alegre. Para isso foi necessário compreender a dimensão ritual-performática do evento e os códigos que orientam as práticas culturais e estéticas dos envolvidos.

Comentários

Anônimo disse…
sabemos todos porque fostes a uma rave, não precisas ficar inventando explicações... entendemos.
Anônimo disse…
Olá

EStou me formando em Jornalismo pela PUC-Rio, e minha monografia é sobre festas rave.
Não consigo encontrar na net o trabalho da Universidade Federal do RS, que vc citou no blog.
Será que vc poderia me ajudar?
Estou tendo dificuldades em encontrar material bibliográfioc pro meu trabalho!
Meu e-mail é luana-ferreira@ig.com.br
obrigada
até...
Angela disse…
Em dezembro de 2005 tive oportunidade de participar, como palestrante, de um seminário sobre uma das Tragédias de Eurípedes - Medéia - aqui no Rio de Janeiro. Conclui meu trabalho fazendo menção aos rituais de nossos dias; incluindo as festas rave, o uso de piercings, os grafitti, as tatuagens e as drogas. Estou lendo estes seus textos que clareiam ainda mais minhas idéias a respeito e que irão propiciar uma melhoria nas exposições, caso hajam outras oportunidades dentro do tema.
Obrigada, Angela.