DISSOLVE E AGLUTINA


Na busca que empreendi, a história que passo a narrar se inicia pelo avesso. Retrocedi longos anos para entender o quebra-cabeças. E mais ainda, por curioso, num salto maior na linha do tempo. Um quadro surgiu quando a tela em branco ganhou vida. Pouco a pouco, pinceladas revelaram o escritor, como se fosse possível dialogar de homem para homem comigo renascido. Exu Literato.

A verve apurada, jornada de reconstrução. Um “mapa” para me guiar nas curvas do trajeto esquecido. Preencher as lacunas sem resposta ao longo dos anos. Voltar ao mundo que deixei antes de retroceder e contar a história que não vivi desta vez. Sentimentos em escalas distintas, embora coincidentes. Valentias, fantasmagorias, assombrações de cemitério. 

Tudo tem consequência. Sensações, revoluções internas, pensamentos conflitantes, mazelas cotidianas. Apagar as chamas da vaidade e curar o ego ferido. Jamais especular sobre o que não pode ser revertido, ou encontrar coadjuvantes para enredo de suposições. Desígnios de uma vida cujo destino não pertence a ninguém, senão à palavra. Do fim prematuro e inesperado, renasce o contador de histórias. 

Legado que herdei das coisas não pronunciadas. Lição importante, a busca do conhecimento. Reformular a convicção. Pela mesma via, segredos. A palavra certa na resposta impensada às soluções que outros não têm. Resoluções ao alcance, inatingíveis, senão àquele com o olhar infalível do profeta. A lanterna mágica ilumina o ponto óbvio. Inspiração na trajetória do homem pelas questões maiores. Velha cachaça.

Do verbo a capacidade de doar. Essencial a quem se dedica. Habilidade nata, consciente, reforçada por leitura e estudo. Intuição conduz a caminhos secretos. Viver o semelhante em cada um de nós. Valida o mundo e reflete sobre o todo. A busca para reencontrar e reconectar aquilo que existe desde sempre, adormecido. Uma graça que irradia a quem se permite recebê-la. 

Não é que me aproprie de pensamentos. Indizível por inominável. Rotina, a compreensão dos códigos inseridos na mensagem. Como se fosse um insight, mediúnico, embora nítido e vívido desde a realidade tridimensional. Questão de milésimo de segundo e a tela se descortina, afugenta a escuridão difusa. Longa caminhada, um sentido para algo maior no inexplicável que a maioria convenciona o ”Deus”. 

Ainda não surgiu a grande questão que não tenha sido abordada pelos maiores pensadores, inclusive os contemporâneos, que incluem em suas buscas as novíssimas teorias mecânicas da física quântica. Tudo isso tem a ver com o individual, o modo intransferível como cada um valida o mundo. Um sentido para esta caminhada. Em alguns momentos, parece não fazer sentido algum.   

Coragem para formular longe da coincidência, como preferem os céticos que explicam o mundo pelo acaso, aonde tudo acontece por reações aleatórias, “algoritmos da natureza” que atuam para construir o visível e o subatômico, inclusive nos organismos mais complexo e os mistérios da mente inexplorada pela ciência, que não chegou a “mapa” definitivo. Que cada um interprete a seu modo.

Comentários