À SOMBRA NO DESERTO

Crédito da foto: Rodrigo Baleia.

Estive na praia, a areia endurecida por chuva recente. Junto à foz do rio Tramandaí, galguei as dunas e sentei à sombra miúda, debaixo da pequena casuarina semienterrada. Eu levara Ovelhas Negras, de Caio Fernando Abreu. Fiquei entre leituras e vislumbres de paisagem. Surgia n’água o boto enorme, pescadores corriam, tarrafas a capturar tainhas que o cetáceo persegue em cardume e empurra em direção aos homens. Parece trabalho em equipe, biólogos estudam esse comportamento. Os nativos reconhecem os animais, batizados com nomes afetivos, distinguidos por detalhes anatômicos, imperceptíveis ao olhar desatento. 

Naquele embalo dolente, logo vieram crianças também. Queriam o refúgio assombreado, deram a entender que eu chegara antes, o local lhes pertencia. "Olha, já tem um homem na nossa sombra do deserto”. Fizeram meia-volta, frustradas. Também eu pensava, angustiado na gravidez da escrita, embuchado com algum texto dentro de mim, talvez conto, mas nenhuma ideia para trabalhar o parto natural, portanto deveria surgir a fórceps. O crânio não precisa ser maltratado, basta maior habilidade e paciência do “médico”. Do material solto a crônica espichada, oblonga. O fazer literário em dias desalentados. Conto é soberano, gênero mais difícil de realizar. Fácil nos rendermos à alternativa preguiçosa, consagrada também, porque em literatura não existe verdade definitiva, aceitamos por conto o que autor designa como tal. 

Mas sou chato, alinhado àqueles que incluem pressupostos ao gênero, muito além do conflito, esse o óbvio e primeiríssimo. Eu espremo um suco maluco refrescante de mim, fórmula recém-encontrada para narrar em primeira pessoa, que costumava evitar. Não fazia sentido, saía uma escrita frouxa, personagens minguados, sequer me empolgava no garimpo das palavras, ourivesaria da escrita que persegue a verossimilhança para gerar empatia no leitor. Procuro apurar a técnica, criar algo parecido com estilo próprio, que pressuponho evolutivo mutante, exatamente igual ao demiurgo que se assemelha ao criador e nomina as coisas do mundo, organizando por função. O engessamento da criatividade não é consequência da ditadura acadêmica, embora seja necessário produzir de acordo com os gêneros existentes para alcançar o reconhecimento como escritor avalizado por instituições. O que é isto, afinal? 

Queres entender o que move um poeta ou prosador? Pense nas coisas que te pegam pela alma e arrastam àquele mundo de sonho abandonado, a saudade do que não tens lembrança e resiste, ainda que haja passado o tempo de uma vida, de todas as vidas de todos os homens até o último dia da criação. Se não tiveres alma, apenas reflexos condicionados, pense naquilo que te realiza e tens de fazer a qualquer custo, sob pena de murchares, morto-vivo, feito um Ricardo aos cacos. O ato de necessidade fisiológica, força anímica que movimenta o autor. Morreríamos secos, todos nós, se não o fizéssemos, sejamos crentes ou descrentes em "algo maior". A vida, maratonas e situações com desfechos inesperados, muito além da capacidade inventiva de autores ficcionais. São intervalos a marco, como num filme, quando o diretor interrompe a cena principal e retorna no tempo em flashback, aonde o espectador apreende uma breve explicação, sem a qual o desfecho seria nebuloso e o roteiro falharia, incompreensível por mal-acabado.

Sérvia, Croácia e Herzegovina. Gosto da sonoridade das palavras, soam como partes do corpo, curvas e recantos do mapa feminino. Em todos os lugares surgem esses escribas, ou cronistas, poetas, o nome é indiferente para uma mesma função inata. O contador de histórias remonta às tradições milenares de povos africanos, asiáticos, no oriente médio e mesmo entre os ameríndios. Nos confins do altiplano inca, nas selvas maias ou planaltos astecas, aonde quer que seja, o homem vai manifestar o verbo. A arte pressupõe conflito, estranhamento. Se existem zoofilia, pedofilia e outros desvios, porque não os retratar? Caso contrário, o Édipo deveria ser censurado e proibido, pois trata-se de um festival de imoralidades. E o filme "O Exorcista", em que o crucifixo é enterrado na vagina da criança? E a Dona Flor, de Jorge Amado, que desfilou pelas ruas abraçada ao marido e junto o fantasma do falecido Vadinho, retratado nu? E toda a obra do Nelson Rodrigues? E o nosso sempre desconhecido Qorpo Santo? A arte é assim mesmo. Tenhamos calma, sejamos tolerantes, não é possível impor verdade aos outros. 

Abaixo do sol, em definitivo, ninguém sabe quase nada. Se apresentem os que estiverem autorizados a baixar decretos morais, mas antes digam com qual autoridade e quem outorgou. De antemão, rejeito a tirania do idiota e o marche-marche dos que obedecem sem questionar. Eu não valido autoridade de juiz arvorado que ouse censurar nos artigos do Código Subjetivo. Literatura reúne os que têm a mania do livro em comum e, por meio desta, vamos derrubando as diferenças para encontrar o caminho no entendimento. Somos canalizadores. Verter esgoto é opção, o livre-arbítrio. Trabalho com o “módulo conectivo” a pleno. Como um modem decodificador, recebe dados do reverso e os envia direto à alma, que os processa e devolve, abrindo as portas por validação do registro IP. Mal comparando com a tecnologia da informação e comunicação, é bem isso o que acontece. Já falei a respeito, em outra oportunidade, quando escrevi sobre a antiga Ponte da Sardinha, aqui neste mesmo rio. Um encontro de água doce com oceano. Especialíssimo, por causa da energia desencadeada. Aonde o rio deságua no mar existe um portal que amplifica, reverbera, potencializa e, às vezes, resulta no surgimento de fenômenos. Comunicações, cuja explicação torna-se inútil para o cético. Forças que não vês, coisas que não acreditas, mandingas que nada dizem a ti, porque relutas em admitir a existência do que acontece nos níveis manifestados além da compreensão limitada dos cinco sentidos. A maioria dentre nós, ocidentais, vive cotidianamente o mito platônico da caverna, do qual jamais se libertará. 
Tirana. Gosto de palavra solitária para designar livros e narrativas. Medalhões literatos falam em democracia, mas conquistam espaço por meio do compadrio e não abrem a porta para ninguém de fora. Eu já sobrevivo entre monstros, não preciso que venham me salvar. Tubae corneaque cecinerunt (cantaram as trombetas e clarins). É terrível, dizem, o crime da humanidade. Nos agrilhoa à matéria bruta. Tolo sou eu, que leio os textos ancestrais e faço analogias, estudos de literatura comparada, não malabarismos retóricos, mas solidez construída para fazer sentido aonde nada parece ter sentido, senão as vontades de gritar mais alto e decretar, dogmatizar. O trabalho formiguinha depende da boa vontade, das parcerias e da confiança que as pessoas têm na essência, o que vibra de nós para o outro, como nos enxergam com olhos de quem sabe ver para além da superfície aparente. Quem nos conhece.

Vivemos a idiotia da modernidade. Cientistas, pós-doutores, engenheiros de diversas áreas dedicaram anos de pesquisa e trabalho árduo para desenvolver as ferramentas que hoje nos conectam. Apesar disso, parcela significativa dos usuários não sabe utilizar os recursos disponíveis no smartphone, ou utiliza para compartilhar pornografia e abobrinhas, mentiras no WhatsApp. Quanto mais tecnológicos, menos humanos vamos ficando. E sim, eu sei que as pessoas podem buscar outros conteúdos, mas não consigo explicar porque o rasteiro é mais atraente. Ler é chato, né? A crença seletiva está em tudo, inclusive na decisão de um chefe de reportagem, ou diretor de jornalismo, que define quem vai ocupar os espaços mais importantes sob a sua responsabilidade, quem vai cobrir as pautas mais relevantes, quem será demitido e o porquê. Subjetividades. Ele acredita que o escolhido é o mais capaz, ainda que não seja. Eu já ouvi, por exemplo, uma pessoa simples comentando. "Fulano é jornalista? Mas nem trabalha na RBS ...". O tom de frustração, como se não houvesse jornalismo e jornalistas fora dos grandes grupos. 

Se a palavra é a arma mais poderosa da criação, eu escrevo porque me reconheço criatura, ainda que os outros carimbem a minha "verdade" como tolice sincrética. Nosso mundo é justificado na competição, desde que nascemos, nós temos que vencer e superar, tirar notas altas, estar à frente do outro, nunca ao lado. Queremos possuir de papel passado, o outro inclusive. Temos de nos certificar por títulos que nos elevam acima do outro ser humano. Darwinismo enviesado para atender aos anseios do lucro. "Todos podem possuir o que bem entenderem, ainda que para isso tenham de passar uns por cima dos outros. Na natureza, os mais fortes sobrevivem e evoluem, dominam". E aqui surge a problematização, necessário questionamento ético sobre a responsabilidade coletiva, se existe, porque muitos chegam em desvantagem. A roleta do “acaso” universal os trouxe em condições desfavoráveis, ou as condições eram iguais a todos, por natureza e origem, mas alguns homens decidiram tomar a maior parte, em detrimento dos outros, que ficaram em desvantagem?  Onde eu estava, onde tu estavas, quando isso começou?

Falta nos ensinarem a viver desde que nascemos, mas quem sabe a receita? De vez em quando, topamos um longevo, ou nos mostram na tevê, aquele vovozinho saudável lá de fora, o seu fulaninho no meio da floresta, o outro que sempre trabalhou com aquilo que ama. Parece que são vários os fatores e, agora a parte boa, as descobertas mais importantes são paradoxais, na medicina também. N coisas, eventos reais não explicados à luz da ciência, que corre à frente e sabe muito, mas não tudo. A questão que faço a mim: como aceitar e lidar com as futuras limitações e também a finitude da carne, o pau mole e o braço frouxo, o cambito que virá? Faz parte, mas também valido espírito e alma. Nada me pertence, apenas o que sou. Venha o que vier, haja o que houver, até a morte. 

Me apontam petista. Nunca fui. Me acusam cristão novo, porque falo do viés místico de Cristo. Também não sou. Me julgam umbandista, por causa do Exu Literato, que é ecumênico. Eu erro por desconhecimento, corro o risco de julgar mal ao outro, por preconceito. De tudo isso, as coisas que fiz antes e me trouxeram até aqui, coisas mundanas, continuam verídicas e não podem ser apagadas. Elas me construíram e não as renego. Eu sou o que sou, sem nunca ter sido. Valido coisas que a maioria não tem coragem, por vergonha e medo de se expor ao ridículo. Receio de dar o passo além, transcender. A certeza inabalável, em contraposição à busca incessante, nos prende ao solo. Hans, no solo. Sem mar interior, ou banho na lagoa das almas. Não tem valor na eternidade, o distintivo que o homem prega no peito do outro homem.

De lado a urna das urgências indulgentes, vou pensando em coisas perenes que se adaptam melhor do que nós, apesar da transitoriedade. Primeiro as caturritas, surgidas dos campos cultiváveis no entorno, por algum motivo que a ciência ainda não explicou, ou apresentou teses e ninguém deu importância, não saiu na imprensa, então é como se não existisse. Mas estão aqui, entre nós agora, também os gaviões. Rapina, carnificina estratégica. Observo da janela privilegiada. Andam em dupla, casal. Um voa rasante e assola os ninhos de bem-te-vi, que saem em disparada e se atiram contra o invasor, mas o outro ladino entra em cena e faz o estrago, durante o cerco e perseguição. No retorno, chora filhote que o irmão bailou. Coisa linda, a natureza selvagem na selva de pedra.

Os acadêmicos são amados na academia, quando surge um maluco que os desafia, será desqualificado como astrólogo, se for astrólogo também, será ridicularizado se falar em alma ou espírito, sutilezas. A barata insignificante e nojenta eu esmago, tu esmagas, e salta aquela gosma branca se bater o chinelo com força desproporcional. Esse inseto, no conjunto da obra, suas variações, talvez seja mais importante do que alguns de nós, e mesmo mais perene do que a humanidade inteira, pois já está aqui desde antes do muito antes. Ele tem uma função útil em qualquer bioma e nós, atualmente, apenas detonamos a todos. Criamos livros sagrados para explicar a nossa presença inexplicável. Foram escritos por intuição, que alegamos recebida de algo maior, inominável, e os nossos pares de então validaram, porque os "receptores" tinham muito prestígio. Dos fenômenos físicos, enquanto não se reproduzirem similares aos descritos, muitos irão duvidar e fazer chacota, desde antes e para sempre.

O tempo inteiro eu brigo por isso. Direito de escolher, ou não votar, faz parte do jogo. Vou continuar defendendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, descriminalização da maconha e as liberdades de culto e expressão. Por tudo isso, e a livre interpretação do sagrado dogmático, sou top de lista para conquistar antagonistas de viés intolerante, talvez violento. Estou pronto para morrer, sempre estive, a única revolução em que acredito é espírito, a alma perene contra a matéria voraz. Em casa, nunca apanhei na cara por gostar de mulher. As mulheres nunca foram xingadas por andar a meu lado, de mãos dadas. Eu não sei o que é sofrer o amor escondido, o preconceito doentio pelo dogma. Por isso defendo a liberdade do outro. O texto sagrado foi intuído, eu também intuo textos e estou desautorizando interpretações equivocadas sobre o anterior. Dá no mesmo, basta que me validem.
A verdade é luz, purpurina também. A festa gay nunca acaba, enquanto houver humanidade. As pessoas não podem impedir o sentimento anímico do amor consentido. Isso sim, é a lei natural do inominável e deveriam reler os livros sagrados primeiros, de onde editaram os livros sagrados segundos. Aqueles, os proibidos. E nem vou citar a questão cultural do sexo em prostíbulos ancestrais. Eu escrevo ficção com as coisas que não podem ser validadas oficialmente, mas acontecem. Fenômenos da não localidade, alma e espírito, que são os maiores presos políticos da história do homem. 

Medo? Não conseguimos ficar a sós, muitos de nós, precisamos remédio, seja qual for. Teu maior inimigo és tu, sempre foste. Eu o meu. Lua cheia, irmã mística, o mundo prescinde de nós. Presta atenção: os que vieram antes, e bem antes, davam um sentido maior às coisas que hoje relevamos, tiramos o valor do menor que agrega e preenche espaço no vazio. Põe alma na equação. Paradoxo, as descobertas mais importantes também são, inclusive na ciência. Relaxa, sofre menos. É piedade de leão, o mundo me ensinou. Se eu quiser, basta um movimento. Certifico que estamos aqui, sapientes e buscadores lógicos, mas tudo ocorreu por acaso, a criação, desde o princípio não há nada, nunca houve, porque não querem que haja. Isso é laudo, parecer da ciência. Publique-se, registre-se, faça-se cumprir. 

Mantrix. Nunca puxe sacos, não seja pusilânime e verme, baba-ovo de poderosos por interesse pessoal. Não fale apenas para ser notado, diga algo relevante e, nunca esqueça, você está num cargo e te olham de um jeito, no dia seguinte a saída, nunca mais te abraçam como "irmão". Fora isso, podes sim, articular todas as frases possíveis, desde que tenhas habilidade para nominar sem nominar. O autor é habilidoso quando faz música com a palavra. O jogador é assim, ele dança com a bola nos pés. Brasil também é ótimo, nós somos o problema. No primeiro momento, acredito que a culpa dos meus fracassos é do outro. Nunca tenho responsabilidade. Depois reflito, no tempo do tempo, percebo que fiz movimentos equivocados, não soube ler e interpretar o que acontecia à volta. Super-humano, a convicção de que somos injustiçados, o mundo cruel. É o que dizem a mim, para incentivar caso grite socorro, e ninguém nunca aparece. A experiência no mundo é individual, intransferível como o voto. Egoístas somos todos, uns mais do que outros, mas ninguém escapa. A matéria bruta nos puxa pra baixo. Ninguém é inocente por completo. O celular que utilizamos, existe porque pessoas foram mortas em guerras para testar a eficiência do GPS.

Acredito que alguns ficcionistas antecipam o futuro, mas foram lidos como literatos que são. Júlio Verne, George Orwell, Aldous Huxley, tantos outros. Eu acredito que o artista tem, por algum motivo que não sei explicar à luz da ciência acadêmica, uma capacidade de captar o inconsciente coletivo e até antever o futuro, traduzido na verve artística. Também acredito que, quando fazem isso, não percebem a importância do que está canalizado. Aurora que surge. Lute como quem não luta. Seja o estrategista. Faça como eles ensinam. O frio é quente, escuro reluz, a entrada oficial é pelo esgoto. Vai encarar? Alguns param, mas a vida se encarrega. E não adianta fugir, ela te busca. Nesse momento, torna-se inútil gritar "socorro, mamãe". Por que escrever com o pensamento no dinheiro? Somos escritores, ou vendedores? Mágico faz truques, mago faz magia. Escritor é demiurgo e veio antes. Da cartola o coelho saiu, mas cagou no chapéu. Não atente contra ela, dedique amor à palavra. Esteja pronto para o exercício da criação. Verve açulada, inspiração atiçada. Encontre saídas, desça da cruz, fuja da rima fácil. Encruzilhada tem quatro caminhos, você nunca experimentou os outros três. Precisamos morrer em vida? É o quê mesmo, isso tão estimado? A glória, a grana, o leite que mamãe não deu? Zinabre, a vida lambuzou a crueza das ruas em nossas almas. Eu não faço nada esperando receber. Eu faço porque sou movido, porque entendo que devo fazer. 

Vai ter sol, sempre que nos voltarmos para dentro. Tão óbvio, chega a ser clichê e piegas, mas é verdade, por isso nos fazem crer tolice. Compre e não pense, aceite e não pergunte o porquê. O remédio é amargo, como a vida. As pessoas amam a alma excelsa do poeta, e vomitam o espírito escroto do homem que se debate na jaula, enquanto outros aplaudem. O circo do planeta Terra. Da crisálida artificial vem o inseto malvado, construído, fabricado. Mentira para embalar as crianças, hipnotizadas com a televisão que manda comprar a Borboletuxa. Quem crê, entende que "Deus" nos vê como iguais, mas é o homem quem inventa moda, cria as diferenças para se arvorar maior do que o semelhante, por egoísta e caído, condenado a cagar até morrer. Entenda "Deus" como aquilo que você não sabe, talvez sinta, mas a ciência não assume, e mesmo assim somos lógicos e estamos aqui sem explicação, porque alguém decretou que não posso validar o que sinto, sem o carimbo de outro homem, que também não sabe muita coisa. E ainda querem mandar em mim.

No meu planeta idealizado, as crianças irão nascer e não serão recebidas com kits de camiseta e badulaques dos clubes futebolísticos afetivos de seus pais. As famílias e os adultos, no entorno do nascituro, estarão ansiosos pelo momento sagrado:  iniciar a nobre tarefa da educação, domar o espírito frágil e transformá-lo, pela filosofia e o estímulo sensorial do corpo, educação física sobretudo, numa alma sólida como rocha. O filho do cosmos, auxiliado pela generosidade dos que o precederam, fará emergir do caos uma fortaleza menos sujeita ao sofrimento desnecessário. O faz-de-conta não existe, nem esse mundo em definitivo, mas as duas coisas se tornam reais pela mesma via, dentro de nós.


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