DEUS é mistério. PÁTRIA é onde eu estiver. FAMÍLIA é amor, como for

O teclado é meu fuzil. Ele é inútil sem mim. Também não tenho serventia sem ele por perto. O fuzil é o meu melhor amigo. Existem muitos como ele, e poucos como eu. Se a palavra é a arma mais poderosa da criação, escrevo porque me reconheço criatura.

Quem lê pouco, entende pouco. Quem não lê, não entende nada. Os números são da natureza e foram apreendidos pelo homem. Já as fórmulas são do homem e fáceis de contradizer, porque surgem novos homens com resultados diferentes e revogam as formulações anteriores. Isso é ciência, mas os cientistas também divergem em muita coisa.

Eventualmente, alguém pode inventar uma daquelas palavras compridas impronunciáveis de certas línguas estrangeiras. O português não tem a mesma “mecânica”, dizem ser improvável irmos tão longe em significado com apenas uma palavra. Isso é verdade, mas, algumas coisas são verdadeiramente impossíveis de registrar em símbolos, teríamos de adentrar outras formas de comunicação. Foi pensando nessas coisas imponderáveis que percebi: a esperança é furta-cor.

Escrevo para causar sensações, o estranhamento. Sem conflito, inexiste literatura possível. Não faria sentido eu verter uns textos autobiográficos, sem que os transformasse em suco ficcional. Suco maluco refrescante de mim. 

A pressa é inimiga da redação. Faz parte do ofício. Ando pelas ruas em busca do detalhe que escapa por ordinário. Comumente desprezado, embora inserido à paisagem urbana. Garimpo invisível à maioria, ocupada em administrar a correria que se impõe rotineira. Esse olhar "vagabundo" é o oxigênio dos poetas e prosadores. De outra perspectiva cairíamos no vácuo. Nada existiria, implodiríamos e a vida perderia o sentido.

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